sábado, 10 de outubro de 2009

Umbigos x Democracia

Desde o fim de 2006 entidades começaram a se mobilizar para discutir a construção da I Conferência Nacional de Comunicação, entendendo-a como uma demanda de tempos. Logo em julho de 2007, ao final do Encontro Nacional de Comunicação, oficializou-se a Comissão Nacional Pró-conferência de Comunicação – CNPC (http://proconferencia.org.br/quem-somos/), que hoje, já com a conquista do decreto da conferencia assinado pelo presidente Lula em 17 de Abril de 2009, conta com mais de 30 entidades, que já mobilizam conferencias estaduais, municipais e locais em quase todos os estados do país.

Toda essa conversa gira em torno de uma bandeira: A DEMOCRATIZAÇÃO da comunicação ! (que lindO !)

O que me deixa encucada é que ao mesmo tempo em que essa bandeira está sendo defendida a unhas e dentes, uma outra luta é polemicamente travada no meio da comunicação: a Não OBRIGATORIEDADE do diploma de jornalista (ou “Dispensa de graduação para o exercício do Jornalismo…”)

obs. Como o enunciado de uma matéria pode influenciar na sua compreensão, pra não dizer opnião, sobre um assunto hein?

Falando em título, acho que ele mostra claramente minha opinião sobre e importância dada ao diploma.(ou pelo menos deveria)

Sou bracharelanda em Rádio e tv. e o que isso quer dizer? NADA..

Tá bom, quer dizer alguma coisa sim: que eu faço parte da minoria privilegiada do país, que consegue ingressar no ensino superior, público, e muito mais, que conseguiu chegar ao 6º Semestre ( grande parte dos ingressantes não tem condições financeiras, familiares, e/ou outras de concluir o curso. E na maioria das vezes não encontra em suas Instituições o mínimo de assistência estudantil que possibilite essa conclusão). Ah! ser Bacharelando quer dizer mais coisas sim! Quer dizer que eu tenho professores qualificados, com seus mestrados e doutorados, que tenho salas de aulas e laboratórios equipados, mas que no fim, a maioria dos meus colegas continua se limitando a receber as certezas que vem dos livrose são repassadas pelos professores e comprovando que aprenderam através dos créditos/avaliações.

Pra não dizer que eu to reclamando de boca cheia, sou muito agradecida por estudar na UESC ! (que lindO ![2]) Sabe, foi na UESC que aprendi o sentido de Universidade, descobri que “a aventura de criar uma nova universidade deve ser um compromisso diário do estudante” (parafraseando Cristovam Buarque), e foi principalmente isso que me fez enxergar a universidade nas rodas de conversa no barzinho do seu Gil, nos núcleos de vivência dos encontros da ENECOS, numa produção independente num distrito próximo, navegando nos blogs dos colegas de VÁRIOS cursos, assistindo seus vídeos, etc.

Não quero ser hipócrita, dizer que não quero me qualificar pro mercado de trabalho, que não quero pegar meu diploma, fazer meu mestrado e com isso ter condições mínimas de me sustentar. Mas acho que o objetivo maior de um estudante de 3º grau deveria ser adquirir o conhecimento necessário pra se tornar um proficional de qualidade e não garantir emprego (até porque diploma nunca serviu pra isso), o emprego é consequência.

É justamente nesse ponto que está a minha crítica. Nós que militamos pela democratização da comunicação temos constante acesso a produções que surgiram como iniciativas de pessoas sem o mínimo de instrução superior mas manifestaram interesse, curiosidade, ou simplesmente por enxergar na comunicação uma ferramenta de Luta, de inclusão, etc. Pra além disso, por favor companheiros, não me venham falar sobre ética, pois serei obrigada a lembrar do incidente no ATO do Enecom 2009. Que teve a intervenção de um ato paralelo pelo diploma, organizado pelo sindicato dos jornalistas, e desvirtuando o tema que seria Confecom e descriminalização dos movimentos sociais.

A funcionalidade do diploma deve ser melhor debatida, e a luta pelo respeito ao comunicador deve continuar, começando pela comunicação que é feita por ele mesmo.

Karen Oliveira – Rádio e TV/ UESC

Nenhum comentário:

Postar um comentário